Por Fernando Emannuel Vicente da Silva

Gracialino Ramos. Por Portinari, 1937.
Graciliano Ramos é um escritor alagoano nascido no dia 27 de outubro de 1892 na cidade de Quebrangulo. É considerado o maior escritor alagoano da história até os dias atuais.
Graciliano Ramos conheceu o drama da seca ainda muito cedo, na infância se mudou com seus pais para o sertão de Pernambuco na cidade Buíque e lá conheceu muitos de seus personagens, com a seca sentiu sede, teve uma infância conturbada pela ignorância de seus pais, aprendeu a ler tarde. Sofreu bastante.
Voltou para Alagoas, em Viçosa aprendeu as letras e começou a escrever, aos 11 anos escreveu seu primeiro poema chamado o Pequeno Pedinte, criou amizades, teve acesso a uma grande biblioteca do tabelião local. Um ato de coragem do garoto Graciliano e um ato de bondade do tabelião Jerônimo que disponibilizou seus livros ao garoto.
A vida de Graciliano está ligada ao sertão e ao nordeste, sobretudo, foi um observador dessa paisagem e confidenciou que preferia a caatinga a paisagem de Copacabana.
Foi ainda moço para o Rio de Janeiro em busca de emprego nos jornais cariocas, e conseguiu, mas a sua vontade era está perto das letras, e quando foi chamado por uma revista local para fazer um perfil sofreu uma tragédia pessoal, um surto de peste bubônica na pequena Palmeira dos Índios acometeu a sua família fazendo com que largasse tudo e retornasse para Alagoas.
Graciliano se casou, criou raízes, se casou com sua namorada que havia deixado quando se mudou para o Rio de Janeiro, teve filhos e ficou viúvo, sua esposa morreu no parto de seu quarto bebê, uma menina que se diferenciava dos três meninos que vieram anteriormente. Foi um tempo de angustia. O velho Graça como hoje é conhecido na critica se tornou prefeito da pacata cidade por birra, Graciliano não tinha interesse, mas como amigos desafiaram, e zombaram, ele revolveu entra na briga e se tornou prefeito de Palmeira dos Índios, o mais ilustre da cidade até os dias atuais.
Ele mudou muita coisa, fez obras e em dois relatórios mostrou todo o talento literário, dois relatórios
incomuns que chamaram a atenção do governador do estado que mandou os relatórios para a editora José Olympio, ficaram muito entusiasmados com os relatórios e fizeram a uma pergunta ao então prefeito que viria a renunciar após dois anos de mandato, a questão foi: “Você tem um livro na gaveta?”. Graciliano tinha Caetés que venho a ser publicado em 1933, um ano depois Graciliano publica São Bernardo um dos mais importantes da literatura brasileira, em 1936 Angústia o livro do ano em que é preso, sem acusação formada pela ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas sobre a acusação de ser comunista, fica preso dez meses, quando sai da prisão sua família está em pedaços e sem economias, se dedica a publicação de contos e ao trabalho nos jornais cariocas, em 1938 publica sua obra mais conhecida Vidas Secas que assim como São Bernardo foi parar nas telas dos cinemas e são clássicos do cinema nacional.
Graciliano viveu pouco, apenas 61 anos, foi versátil, escreveu livros infantis, infantojuvenis, traduziu obras como A Peste de Albert Camus, escreveu livros de contos, livros
de relatos pessoais e os romances.
Foi um homem que se voltou para o nordeste, para o sertão. É um símbolo de Alagoas da cultura do estado, um dia em sua viagem a União Soviética sua segunda esposa Heloisa as margens do rio Sena na França faz a seguinte pergunta: Graciliano se você pudesse escolher em qual lugar você nasceria qual lugar você escolheria? Graciliano é rápido e sucinto diz ele: Alagoas.
Sua obra reflete a riqueza do povo do nordeste, do povo de Alagoas e do Brasil. É a simplicidade para contestar as desigualdades, é a força dos nordestinos, em preto e branco. Esse é Graciliano.

Gracialino Ramos. Por Portinari, 1937.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/graciliano-ramos.htm
Referências
MORAES, Dênis. O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos. – 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2012.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. – 122ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.
RAMOS, Graciliano. São bernardo. – 96ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
RAMOS, Graciliano. Angústia. – 2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.
RAMOS, Graciliano. Caetés. – 34ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2019.